O Caçador de Androides é considerado um dos melhores romances de ficção científica já escritos. Seu sucesso colocou em evidência o escritor Philip K. Dick, conhecido pela disseminação de teorias ligadas à artificialidade da nossa existência, tais como as teorias popularizadas pelo filme Matrix, nas quais inteligências superiores, artificiais ou não, são responsáveis pela produção da nossa realidade.
Dick conseguiu com maestria, no transcorrer do livro, fazer com que o leitor sinta a atmosfera claustrofóbica de um planeta Terra destruído pela raça humana.
O filme estrelado por Harrison Ford, intitulado Blade Runner, contribuiu para a fama da história de Dick; contudo, o livro tem algumas diferenças em relação ao filme, diferenças que contribuem para dar uma voz própria ao romance.
Enredo de O caçador de Androides
Em um mundo futurista destruído após uma grande guerra chamada Terminus, o planeta Terra ficou quase inabitável devido a uma camada de poeira que tomou conta da atmosfera, provocando o fim de muitos ecossistemas.
Os seres humanos que possuíam uma posição social mais elevada migraram para outros planetas, reconstruindo suas vidas em colônias como Marte. Os que não possuíam condições financeiras para tanto foram obrigados a permanecer no que restou do planeta Terra. Com isso, a Terra foi literalmente deixada para aqueles pertencentes a uma classe social mais baixa ou aqueles com algum tipo de deficiência, seja física, provocada pela guerra, seja mental.
Os poucos animais que foram capazes de sobreviver a esse ambiente cada vez mais hostil se transformaram em artigos de luxo, sendo negociados por grandes somas. Nesse mundo, ter um animal de estimação — seja um cachorro, ovelha ou bode — significa um sinal de status, pois, no que restou da vida social, poder ter um animal de estimação é um privilégio para poucos.
Rick Deckard
O personagem principal, Rick Deckard, é um caçador de androides a serviço da polícia de São Francisco. Os androides foram desenvolvidos para servirem aos humanos nas colônias estabelecidas em outros planetas. Conforme foram criados androides cada vez mais inteligentes, fortes e parecidos com os seres humanos, foi desenvolvido um dispositivo que limitava a vida útil de um androide para, no máximo, quatro anos; ou seja, após quatro anos, eles deixam de funcionar.
Um grupo de androides da última geração foge da colônia e vai para o planeta Terra para viver sem ser escravizado pelos humanos. Deckard é designado para caçá-los e "aposentá-los", expressão sinônimo de extermínio de androides.
Deckard não gosta de sua profissão e não se sente estimulado a praticá-la; contudo, a morte de sua ovelha e a consequente substituição por uma ovelha sintética fazem com que ele busque dinheiro para comprar um animal de verdade. Como já foi dito, ter um animal de verdade é um sinal de status, e Deckard se preocupa com o que seus vizinhos pensam dele.
Com isso, acompanhamos Deckard na caçada aos androides; contudo, conforme ele vai matando-os, questões existencialistas vão aos poucos tomando conta dele.
Os novos androides são muito parecidos com seres humanos; o principal diferenciador é a empatia. Os androides, em tese, são incapazes de sentir empatia, seja por um animal, seja por um humano, seja por outro androide. Contudo, ao realizar os testes nos androides, Deckard percebe que a nova geração consegue ser capaz, em alguns momentos, de ter sentimentos que se aproximam da empatia, podendo ser citado o fato de os androides se auxiliarem durante a fuga, trabalhando em equipe para garantir a sobrevivência de todos.
No transcorrer do romance, conforme temos contato com os androides — inclusive com os androides que não sabem que são androides — vamos notando o quão parecidos com os humanos eles são; enquanto que, ao termos contato com o modo de vida dos humanos nessa Terra em degradação, vamos percebendo o quão artificiais eles se tornaram. Pode-se citar o aparelho, que quase todos os habitantes possuem em suas casas, responsável por criar artificialmente as mais variadas emoções, indo desde a alegria até a tristeza. Nesse mundo, os seres humanos passam cada vez mais imersos em si mesmos, tendo pouco contato interpessoal, fato que gera uma sociedade cada vez mais desumanizada, seja pelo planeta em degradação, seja pela artificialidade cada vez mais necessária para que os mesmos fujam da realidade.
Com isso, a todo o momento, diante da humanização dos androides e da desumanização dos humanos, nos perguntamos quem são os verdadeiros humanos, ou até que ponto a ciência pode ser capaz de tanto criar novas formas de vida quanto tornar a vida humana o mais artificial possível.
O Caçador de Androides é um livro fantástico, no qual , ao nos debruçarmos sobre o mesmo, diversas questões existencialistas nos acometem, gerando uma reflexão sobre o que é ser humano.
Nota: 10.




Muito boa dica. Obrigada por compartilhar! Eu vou ler a obra que você diz porque adoro o filme Blade Runner que foi baseado no livro "Androides sonham com ovelhas elétricas" . Para mim foi um dos filmes mais interessantes do gênero que eu vi até agora. Além eu fiquei muito animada quando eu vi a sequela no cinema. Li na Blade Runner critica que foi muito bom por que usou elementos clássicos dos filmes do gênero. Você também viu? Eu gosto muito da história dese filme por que não é tão previsível como outras. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados a ver. Se ainda não viu, eu recomendo amplamente, vocês vão gostar com certeza.
ResponderExcluir