Peter Straub é um dos mais renomados autores do gênero horror nos Estados Unidos. Seu sucesso rendeu-lhe a possibilidade de escrever dois livros com o mestre do horror contemporâneo Stephen King: "O Talismã" e "A Casa Negra".
"Os Mortos-Vivos" é, sem dúvida, o seu romance mais vendido no Brasil, sendo difícil encontrar exemplares de seus outros livros à venda nas livrarias. Apesar do título, que pode levar o leitor ao erro de confundir com a série de filmes "Noite dos Mortos Vivos", o romance passa longe dos clichês das histórias de mortos-vivos, nas quais comedores de cérebros ambulantes atacam uma cidadezinha. O título original "Ghost Story", ou seja, história de fantasma, é um título mais condizente com o enredo do romance. Nele, não vemos mortos recém-saídos do túmulo em busca de carne humana, mas sim uma história bem amarrada que em nenhum momento perde o fôlego, apesar das mais de 500 páginas.
Resenha de Os Mortos Vivos, de Peter Straub
Apesar de o romance conter alguns clichês, a atmosfera da cidadezinha, que passa por um inverno rigoroso, torna a história atraente. Esse inverno rigoroso cria um isolamento da cidade, bem como uma dificuldade para que ela possa gerar uma união nessa luta contra o mal. Com isso, apenas um pequeno grupo de homens composto por três velhos, um homem e um adolescente, trava combate com esse poderoso inimigo aparentemente invencível. Os sexagenários, após a morte de um membro do grupo, aliado aos sonhos compartilhados cada vez mais terríveis, decidem contatar o sobrinho do falecido, que é autor de histórias de horror.
"Talvez a parte mais estranha de minha presença aqui seja o fato de os amigos de meu tio darem a impressão de que receiam terem sido envolvidos em alguma história de horror da vida real. Pensam que sou algum profissional decidido, um especialista em sobrenatural."
Uma série de mortes misteriosas de animais e humanos justifica o medo dos sexagenários, evidenciando estar algo sobrenatural ocorrendo na pequena cidade.
"Você pisa num pedaço de chão com toda a aparência de sólido e descobre que desmorona sob seu pé; olha para baixo e, ao invés de ver relva, terra, a solidez que esperava, avista uma caverna comprida, onde coisas rastejantes correm de um lado para o outro a fim de escaparem da luz."
No transcorrer da história, não fica evidente que tipo de criaturas são essas que assolam a cidade, contudo algumas pistas surgem sobre a origem delas.
"Essas coisas não são novas [...]. Provavelmente existem há séculos... talvez há mais tempo. E pelo menos há centenas de anos que são comentadas e pessoas escrevem a respeito. Creio que são o que as pessoas costumavam chamar de vampiros e lobisomens. Provavelmente estão por trás de milhares de histórias de fantasmas."
Uma coisa fica clara: esses seres não simplesmente atacam suas vítimas como se fossem animais ferozes, mas sim gostam de levar suas vítimas à loucura antes de matá-las, como se sentissem prazer na insanidade humana.
"Eles estavam há muito tempo à espreita, esperando por uma época em que a loucura oferecesse um panorama mais concreto dos acontecimentos do que a sanidade."
O romance, como quase todo romance de horror, sustenta-se na capacidade do leitor de aceitar alguns fatos ilógicos, tais como: sendo poderosos, por que ainda não dominaram o mundo? Contudo, a partir do momento que o leitor compra a história, a mesma cumpre com o prometido, proporcionando muitos momentos de prazer e alguns sustos. Saciando, com isso, essa necessidade do homem moderno de sentir o desconhecido, a necessidade de dialogar com os seus medos mais irracionais.
Sem dúvida, um dos melhores livros do gênero.
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