Um dos maiores romances de Fiodor Dostoievski, autor de Crime e Castigo, Os demônios e Notas do subsolo.
O romance Crime e Castigo tem por personagem principal o russo Raskólnikov, que desenvolve uma teoria que exerce papel predominante nas suas ações, as quais culminam em um duplo homicídio.
Resenha de Crime e castigo, de Fiodor Dostoievski
Raskólnikov, filho de uma família de aristocratas empobrecidos, deixa a sua mãe e a sua irmã na província para ir estudar Direito em São Petersburgo, permanecendo três anos sem vê-las. Durante seus estudos, ele publica um artigo em um jornal da cidade no qual divide a raça humana em dois tipos de seres: os extraordinários e os vulgares.
Os extraordinários são homens que — levando-se em conta a premissa niilista de que Deus está morto — possuem capacidade intelectual elevada e se tornam legisladores da raça humana. Ou seja, são responsáveis pelo destino da humanidade, possuindo o poder de criar e de revogar leis. Para Raskólnikov, esses homens estão acima do certo e do errado, devido ao fato de terem o poder de decidir o que é correto e o que é incorreto. Os vulgares são homens que vivem segundo as leis criadas pelos legisladores.
Para Raskólnikov, um traço capital que distingue os extraordinários dos vulgares é a facilidade com que passam por cima de seus obstáculos, mesmo que seja preciso, para isso, burlar leis. Entre as leis que os extraordinários burlam está, talvez, a mais importante lei do cristianismo: não matarás. Os extraordinários são capazes de matar, se preciso, sem que haja um julgamento interno com respeito à legitimidade do ato. Ou seja, não sentem remorso por tirarem vidas na busca pelos seus objetivos. Para eles, se for necessário sacrificar algumas vidas para a humanidade alcançar determinado estágio, o mesmo será feito sem que haja algum tipo de remorso ou julgamento por parte da consciência.
Raskólnikov acreditava ser um desses homens extraordinários; mas, para conseguir alcançar seus objetivos, precisava de dinheiro. Com isso, surgia o seu primeiro obstáculo. Ao ser obrigado a penhorar alguns bens para se alimentar, ele conhece uma velha usurária. Raskólnikov via a senhora como um "piolho", pois a mesma não tinha nenhuma utilidade para a raça humana; com isso, ele decide matá-la para tomar para si o dinheiro.
Se a teoria de Raskólnikov estivesse correta, ele não sentiria remorso pelo homicídio, porquanto se considerava um extraordinário, ou seja, acima do certo e do errado. Com isso, Raskólnikov planeja e executa o homicídio, sendo que, logo após assassinar a usurária, acaba matando a irmã dela, que presenciou o ato. Após o duplo homicídio, Raskólnikov — devido às pressões psicológicas impostas pelo detetive Porfíri e pela sua própria consciência — vê-se dominado por uma grande angústia.
O romance Crime e Castigo tem por tema o embate entre a razão e a consciência, embate esse acentuado após o surgimento de diversas ideologias que vão contra os conceitos de certo e errado presentes na sociedade ocidental.
O romance demonstra, em um mundo dominado pelo raciocínio, o poder da consciência no comportamento humano, estando as pessoas imersas em um conflito interno entre a razão e a consciência.
.jpg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário