O romance tem por protagonista Arturo Bandini, um jovem escritor que deixa o Colorado para ir morar em Los Angeles. Apesar de o livro ter sido escrito nos anos oitenta, é ambientado nos anos trinta, época de ouro do cinema americano.
Ao chegar em Los Angeles, Bandini, alter ego de Fante, vai morar no subúrbio, no bairro Bunker Hill. Após ficar um tempo trabalhando como garçom, tem um dos seus contos publicado em uma revista.
Hollywood engole Bandini
A boa aceitação de seu conto fez com que algumas portas se abrissem para Bandini, que deixa o emprego de garçom para trabalhar em Hollywood como roteirista. Com isso, Bandini rapidamente ascende na pirâmide social, deixando para trás o subúrbio e as dificuldades financeiras. Contudo, a trajetória de Bandini em Hollywood se mostra tortuosa, envolvendo-se tanto com bebidas quanto com mulheres.
Em determinado trecho, Bandini afirma ter a impressão de que as pessoas em Hollywood aparentam ser apenas nomes, ou seja, como se não fossem reais. Aliás, tudo ali parece ser irreal e superficial, fato que fez com que Bandini se sentisse deslocado nesse ambiente — ao contrário de Bunker Hill, onde ele era capaz de ordenar seus pensamentos e se sentir seguro e vivo.
Com isso, vemos que a periferia da cidade, sendo o lugar onde o cotidiano de boa parte da população se dá, tem uma materialidade maior do que Hollywood, lugar de entretenimento e espetáculo, que se mostra frio e impessoal. Conforme a história vai se desenrolando, cada vez mais Bandini vai se perdendo. Quando deixou o Colorado, ele buscava em Los Angeles e na literatura uma forma de sentido para a sua vida; contudo, ele não foi capaz de encontrar esse sentido ali.
Sua formação católica e, consequentemente, dogmática permanece em constante embate com a sua formação artística, de caráter mais liberal. A sua aparente necessidade de sexualizar todas as mulheres, sua constante dificuldade de consumar as relações sexuais e o posterior arrependimento de "estar em pecado" mostram esse embate que ocorre na consciência do personagem, que vive transitando entre o divino e o profano.
A rápida ascensão de Bandini, sem ter uma produção literária consolidada, fez com que ele não se sentisse seguro para escrever, pois ficava com a sensação de que, tão rápida e fácil quanto foi a sua ascensão, a queda seria na mesma medida.

Somou-se a isso a desilusão do personagem com Hollywood e a não valorização ou busca pelo talento verdadeiro. O estúdio que o contrata não lhe dá projetos para trabalhar e, quando lhe dá, o resultado final é completamente diferente daquilo que ele escrevera.
Em uma época em que a indústria do entretenimento alcançava um patamar nunca antes visto, diversos jovens escritores talentosos se dirigiram até Hollywood em busca de fama e reconhecimento; contudo, esse mundo de nomes e não de seres humanos os sugou para dentro de si. Perderam-se muitos talentos em meio a esse turbilhão, restando ao leitor a expectativa referente ao futuro de Bandini.
Nota: 10.