sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O Monstro de Florença, de D. Preston e M. Spezi


Capa do livro O Monstro de Florença, de D. Preston e M. Spezi



Assassinatos em série, uma bela cidade italiana palco de muitas das maiores criações artísticas do Renascimento, mutilação de cadáveres e diversos suspeitos detidos, além de teorias envolvendo rituais satânicos. Estes são alguns dos elementos presentes em uma narrativa que facilmente se equivale às mais fantasiosas histórias de serial killers já escritas; contudo, trata-se de uma história real, tão real ao ponto de um dos escritores, Spezi, ter sido oficialmente acusado de ter participação na série de homicídios. Com isso, um relato iniciado como reconstituição dos assassinatos torna-se uma tentativa de Spezi provar sua inocência.

Resenha de O Monstro de Florença


Durante o final dos anos sessenta até meados dos anos oitenta, oito casais foram assassinados na cidade de Florença, na Itália, tendo em comum nesses homicídios a arma utilizada — um revólver — bem como o perfil dos assassinados. Todos eram jovens casais que foram mortos durante o ato sexual em seus carros, estacionados em locais afastados da cidade. Em alguns homicídios, os corpos das mulheres foram mutilados após a morte, sendo retirada a genitália das mesmas.

Apesar de a polícia italiana investigar os assassinatos por trinta e nove anos e efetuar diversas prisões — sendo muitas delas absurdas e carentes de quaisquer evidências — o caso nunca foi solucionado. Mario Spezi, um jornalista investigativo de um jornal de Florença, durante os trinta anos de investigações, acabou se tornando um estorvo para a polícia italiana, porquanto sempre discordava dos rumos tomados pelas investigações. Essa insistência em contrariar as absurdas conclusões policiais levou o mesmo a ficar na mira da polícia italiana, culminando com a sua prisão.

"Durante o processo, Spezi e eu nos apaixonamos pela história... Com Spezi foi pior: ele foi acusado de ser o próprio Monstro de Florença."

Dentre as provas apresentadas pela promotoria, talvez a única aceitável tratava-se de uma rocha encontrada na cena de um dos homicídios, sendo posteriormente encontrada uma rocha parecida na casa de Spezi. Para o inspetor de polícia Giuttari, essa rocha, com um formato um pouco triangular, era um objeto esotérico utilizado em rituais satânicos. Essa rocha mágica, na verdade, não passava de um peso de porta muito utilizado pelos habitantes da região da Toscana.

Preston, um famoso escritor americano de livros policiais, após mudar-se para Florença com a família e tomar conhecimento da história sobre o Monstro de Florença, decidiu escrever um livro sobre esse serial killer que, segundo ele, era pouco conhecido nos Estados Unidos. Após travar conhecimento com Spezi, que era um dos maiores especialistas no assunto, decidiu juntar-se a ele na busca pelo verdadeiro Monstro de Florença.

Em alguns momentos da narrativa, as trapalhadas da polícia italiana chegam a sobressair, relegando a busca pelo verdadeiro assassino a segundo plano, evidenciando, com isso, a precariedade do setor de inteligência da polícia italiana.

"Eu não poderia me manter calado em face de uma investigação tão carente de lógica e justiça, conduzida com preconceito e dotada de confissões sustentadas a qualquer custo."

O conhecimento de Spezi referente aos detalhes dos assassinatos, juntamente com a capacidade de romancista de Preston, faz com que "O Monstro de Florença" seja uma história envolvente do início ao fim, sem em nenhum momento perder o fôlego ou gerar desinteresse no leitor, que acompanha, muitas vezes estarrecido, o desdobramento das investigações, bem como a cobertura tendenciosa da mídia italiana.





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