segunda-feira, 18 de setembro de 2017

A Humilhação, de Philip Roth



CAapa do livro A Humilhação, de Philip Roth


Philip Roth foi um dos mais prestigiados escritores americanos da segunda metade do século vinte e início do século vinte e um. Falecido recentemente, deixou de publicar livros alguns anos antes de morrer.

Diversas de suas obras foram transpostas para o cinema; seus personagens foram interpretados por grandes atores, tais como Al Pacino e Anthony Hopkins.

A sociedade americana é o grande tema dos livros de Roth. Ele é um grande intérprete da cultura americana, sempre focando suas obras em temas controversos e em personagens problemáticos e profundos.

Fotografia de Philip Roth


Resenha de A Humilhação, de Philip Roth


O romance "A Humilhação", publicado em 2009, foi um dos últimos livros publicados por Roth. A história gira em torno de um grande astro do teatro americano que, de uma hora para a outra, torna-se incapaz de interpretar.

Após seu último trabalho no teatro ser um fracasso total de público e crítica, Axler se refugiou na sua mansão e começou a ter pensamentos suicidas diante do fracasso naquilo que fazia dele uma pessoa especial.

Após Axler se tornar incapaz de atuar, ele perdeu o seu chão, pois perdeu aquilo que o tornava vivo; ou seja, tudo deixou de fazer sentido, restando apenas a morte para ele. Nesse momento, Axler se encontrou em uma encruzilhada na qual necessitava de uma mudança radical na sua vida para que pudesse continuar em frente.

Ao se aproximar da filha de antigos amigos — uma lésbica vinte e cinco anos mais nova do que ele, que passava por um momento parecido com o de Axler no sentido de se encontrar em uma encruzilhada, sem saber que caminho tomar — os dois acabam vivendo um romance nada convencional.

Cena do filme A Humilhação


Algumas questões permeiam a obra, deixando o leitor em suspenso, podendo ser citadas: que humilhação é essa que dá o título à história? Será que Axler voltará a atuar?

Philip Roth desenvolveu uma história envolvente e profunda sobre a tentativa daqueles que viveram como reis, sempre com a sensação de que poderiam fazer qualquer coisa, de se reerguerem após a queda e o mergulho em uma realidade frustrante.

Nota: 8.

domingo, 10 de setembro de 2017

A longa Marcha, de Stephen King


Capa do livro A longa Marcha, de Stephen King


Stephen King publicou alguns de seus livros com o pseudônimo de Richard Bachman. Segundo ele, o objetivo era testar o quão era capaz de vender livros sem a influência de seu nome; ou seja, ele queria saber até que ponto era capaz de criar boas histórias sem que a sua fama influenciasse a avaliação do leitor. A Longa Marcha foi um desses livros.

Publicado em 1979, se tornou um dos livros preferidos entre os leitores de King, sempre citado entre os melhores nas diversas listas publicadas na internet.

Fotografia de Stephen King


Resenha de A longa Marcha, de Stephen King

A história pode ser considerada uma distopia, pois ela se passa em um futuro sombrio;nou seja, difere da visão de futuro no qual a humanidade estaria caminhando a passos largos para um mundo melhor, no qual a humanidade finalmente realizaria o sonho do paraíso na Terra.

Na história, somos apresentados, logo no início, ao personagem Garraty, um rapaz de 17 anos nascido e criado no Maine, que se prepara para participar de um reality show intitulado "A Longa Marcha".

Basicamente, o reality show se resume a um grupo de 100 jovens entre 15 e 18 anos que iniciam uma caminhada no estado do Maine, indo em direção ao sul da América. Os competidores não podem parar de andar e nem sair da estrada. Cada vez que, por qualquer motivo, algum jovem para de andar, ele é advertido; e, após três advertências, é eliminado. O último que continuar andando vence e ganha o prêmio, que é o que ele quiser.

A Longa Marcha é transmitida pela televisão, sendo o evento de maior audiência na TV americana. Ao longo do trajeto, milhares de americanos se posicionam na beirada da estrada para acompanhar ao vivo a marcha; ou seja, é o principal evento de entretenimento dos Estados Unidos.

Arte do livro A longa Marcha, de Stephen King. Uma estrada e pessoas cansadas caminhando

O que torna a Longa Marcha terrível é o fato de que todo jovem que não consegue mais andar é literalmente eliminado. Soldados armados de metralhadoras acompanham o trajeto dos garotos, sendo responsáveis por aplicar as advertências e eliminar, através de uma saraivada de balas, os competidores que, porventura, parem.

Durante a leitura, duas questões se apresentam ao leitor, sendo elas: por que jovens aceitariam participar de um reality show desses? E por que as pessoas gostariam de acompanhar esse entretenimento macabro?

Stephen King vai, no transcorrer das páginas, contando aos poucos a história de vida dos principais personagens, mostrando como e por que eles se inscreveram na Longa Marcha; junto a isso, ele vai, ao descrever os espectadores da caminhada, mostrando o quão capazes são as pessoas de, apesar desse verniz de racionalidade e civilização, cultuarem o grotesco e o sórdido.

Fica evidente que os espectadores acompanham a marcha com a expectativa de ver os rapazes serem eliminados, e ficamos a todo o momento com a impressão de que eles perderam a noção de que aquilo é real; ou seja, não são mais capazes de separar a fantasia da realidade.

O livro é muito bom, sendo capaz de prender a atenção do leitor até o seu desfecho. O curioso é que o leitor acaba partilhando com a multidão da posição de espectador desse entretenimento macabro, torcendo por determinados personagens e odiando outros.

A Longa Marcha é uma história incrível e envolvente como só Stephen King é capaz de criar, sendo um livro fundamental para os fãs do gênero do terror.

Nota: 9.

Gosta de Stephen King? Leia outras resenhas de obras do autor:
Mr. Mercedes, de Stephen King;
IT: A Coisa, de Stephen king.