Um Estranho no Ninho foi publicado nos Estados Unidos no ano de 1962 por Ken Kesey, que trabalhou durante a faculdade em um hospital psiquiátrico, lugar que foi a fonte de inspiração para o romance. O livro marcou época e foi adaptado, na década seguinte, para o cinema. O personagem principal foi interpretado por Jack Nicholson, vencedor do Oscar de melhor ator pela atuação no longa.
Enredo de Um estranho no Ninho
A história se passa em um hospital psiquiátrico, ambiente controlado pela enfermeira Ratched, conhecida como "A Chefona", que, através de jogos psicológicos, coage os pacientes a seguirem uma rotina rígida, que os torna totalmente passivos e destituídos da capacidade de tomarem suas próprias decisões.
O hospital é dividido em alas, e a história é centrada na ala dos pacientes que apresentam pouca propensão à agressividade. Eles são divididos em dois grupos: os agudos e os crônicos. Os crônicos são aqueles que apresentam pouca possibilidade de serem "curados" e retornarem para a sociedade, enquanto que os agudos são aqueles que respondem positivamente às técnicas empregadas pela enfermeira e pelos médicos.
Esse ambiente controlado e opressivo entra em colapso após a chegada de McMurphy, um presidiário transferido para o hospital devido a um comportamento classificado como anormal. Fica claro desde o início que McMurphy arquitetou sua ida para o hospital para fugir dos trabalhos forçados na penitenciária, desejando cumprir seus últimos meses de reclusão em um ambiente mais ameno e confortável.
Ao chegar à ala, McMurphy rapidamente assume o controle do lugar, não dando a menor importância às regras impostas pela "Chefona". McMurphy aposta com os pacientes que será capaz de dobrar a Chefona em uma semana. Contudo, a missão de McMurphy não foi simples, pois a Chefona possuía um arsenal de táticas de controle que garantiram a continuidade da sua ditadura naquele lugar.
A enfermeira Ratched não permite que ele desestabilize o ambiente controlado por ela. Com isso, a história é centrada no embate entre os dois, que rende grandes momentos devido ao confronto de personalidades e à discussão do que seria um comportamento considerado normal e o papel dos mecanismos de controle social na concepção dessa normalidade.
Análise de Um estranho no ninho
O romance é narrado em primeira pessoa pelo personagem Chefe, um indígena de dois metros de altura que é um dos pacientes crônicos. O Chefe é tido por todos como surdo e mudo; com isso, os personagens não interagem com ele e, principalmente, os funcionários do hospital não se preocupam com o que dizem quando estão próximos dele.
Nós temos um narrador privilegiado pelo fato de ser quase invisível, apesar dos seus dois metros de altura. Contudo, o fato de o Chefe alternar entre momentos de lucidez e de psicose faz com que ele não possa ser considerado um narrador totalmente confiável. O Chefe acredita que existe uma organização, ligada ao governo, chamada de "A Liga", responsável por monitorar e controlar a sociedade, manipulando-a para que viva conforme os desejos e interesses da Liga.
O Chefe acredita que existem microfones escondidos em todos os cantos do hospital e que ocasionalmente a enfermeira dispersa no ar uma neblina, com o intuito de dificultar a capacidade de os pacientes pensarem e agirem. Também, durante a noite, ele vivencia momentos de terror na sua cama, pois acredita que o chão do dormitório é deslocado para o subsolo e lá, um lugar repleto de máquinas e robôs, os pacientes são torturados.
O fato de o Chefe apresentar psicose dá um toque especial à história, pois suas visões servem como alegorias e metáforas da situação vivenciada pelos pacientes que são a todo o momento sugestionados, podendo citar a música que toca em alto volume na enfermaria durante todo o dia, dificultando o desenvolvimento de pensamentos mais complexos, as medicações que provocam estado de letargia, as sessões em grupo, nas quais os pacientes são obrigados a exporem fatos da vida pessoal para que os demais possam opinar, e os famosos tratamentos com choque.
Um personagem resume bem a terapia com choque:
"Aquelas almas afortunadas lá dentro estão recebendo uma viagem à Lua de graça. Não, pensando bem, não é completamente gratuita. Você paga pelo serviço com células cerebrais em vez de dinheiro, e todo mundo tem bilhões de células cerebrais disponíveis. Você não sentirá falta de algumas delas."
O romance é excepcional e fácil de ler. Sem dúvida a sua força não está tanto nos acontecimentos narrados ao longo do livro, mas sim nos personagens criados por Kesey, destacando a Chefona, o Chefe e McMurphy. Personagens que ficarão durante muito tempo na memória dos leitores. O filme é excelente e o livro melhor ainda.
Nota: 10
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IT: A Coisa, de Stephen king;
O grande Gatsby- Scott Fitzgerald


